Por Thiago Goulart
Com as mãos na cintura e a cabeça erguida, uma pequena garota se posta desafiadora em frente ao Touro de Wall Street, no cruzamento da Broadway com a Whitehall Street, em Manhattan.
A escultura em bronze, apesar de pequena, representa a força e a resiliência feminina no centro do coração financeiro do mundo. Mas isso nos diz mais. Não há limites ou medo para adquirir conhecimento dentro do mercado financeiro. E as mulheres têm provado isso.
Apesar das diversas dificuldades de inclusão e igualdade de gênero, hoje é inegável que as mulheres vêm aprendendo mais sobre gestão financeira. É preciso enxergar o dinheiro como um aliado para aprender a utilizá-lo a seu favor, já que o modo como lidamos com o dinheiro afeta diretamente nossa qualidade de vida e autoestima.
Relatório do Banco Mundial
Alguns dados do Banco Mundial revelam o poderio feminino, mas também demonstram o que está potencialmente por vir. Segundo o relatório, as mulheres são mais de 40% da mão de obra global. No entanto, apenas 20% tem faturamento mensal superior a R$ 30 mil.
Quando se mensura o público universitário, as mulheres já ultrapassam a metade das vagas. Os números também confirmam que o nível de preparação para o mercado financeiro é superior ao masculino.
Os mais ricos segundo a Forbes
Por outro lado, ainda persiste dentro do cenário global, razoável desproporção. A Forbes, por exemplo, publicou recentemente o ranking anual das pessoas mais ricas do mundo. As mulheres começam a partir do 12º lugar, com a Françoise Bettencourt.
No top 100, apenas 11 mulheres aparecem. Se contabilizarmos no Brasil, nas 20 primeiras posições, a única é Ana Lucia de Mattos Villela.
Investimentos, investidoras
Quanto aos investimentos na Bolsa de Valores (B3) o desequilíbrio está diminuindo. Reflexo disso, é o crescente número de mulheres que investem no mercado de Renda Variável.
Segundo o levantamento da B3, a bolsa brasileira, em 2020 o número de investidoras pessoa física saltou 118% em relação ao ano anterior, ou seja, ultrapassou a marca de 840 mil. Em outras palavras: elas, hoje, representam 26% do total de investidores.
Há uma mudança de perspectiva quando se fala em investimentos no país. A parcela feminina já está atenta a isso, mudando também a postura como investidora. Dados coletados pela B3 revelam que os entrevistados:
. Pensam em investir com foco no médio e longo prazo, entendendo o risco de cada investimento;
. Passaram a reservar parte de seu patrimônio para investimentos;
. Pensam no futuro e entendem que, para ganhar mais, devem assumir mais riscos.
Para uma vida com liberdade de escolha, a ferramenta-chave é o estudo sobre finanças pessoais. Assim, fortalecer a base de educação financeira e desmistificar a Renda Variável têm sido pontos focais das novas investidoras no Brasil.
Mulheres e economia
O Fundo Monetário Internacional (FMI) realizou um estudo e concluiu que as mulheres mais fortes financeiramente apresentam maior probabilidade de investir no bem-estar da família e tomar decisões financeiras mais inteligentes, voltadas principalmente à educação e saúde.
Para a economia, isso tem um efeito muito positivo via crescimento econômico e redução da desigualdade social.
Fearless Girl
‘A garota sem medo’, em frente ao touro, é um símbolo e a mensagem está clara. Logo abaixo da estátua, encontramos uma placa com os seguintes dizeres: “Know the power of women in leadership. She makes a difference”.
*Jornalista / Editor do Blog Vai Investir